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terça-feira, 5 de junho de 2012

Quando tudo parece o fim...

Eu sei, faz tempo que eu não apareço... Não é que eu não tivesse nada a dizer, eu tinha e muito, mas estava anestesiada...  Estava tão completamente envolta e tão completamente eu que nada mais me bastava. Passei um tempo da minha vida sonhando e vivendo, e misturando aos poucos o que era sonho e o que era realidade. Projetei nas pessoas histórias que eu sonhava em viver, esperei demais, porque amei demais, porque sabia que de uma forma ou de outra a vida me traria a felicidade.
Pois bem, dizem que quanto mais alta a montanha maior o tombo, e cá estou estatelada no chão, usando o resto das minhas forças pra aspirar o restinho do ar que ainda me rodeia. Esperei demais porque me entreguei demais, porque sabia que pela primeira vez eu estava inteira e não apenas em pedaços. E cada detalhe me fazia feliz, porque eu sou feita de um material que precisa de muito pouco para se manter bem.
E de tanto esperar eis que o bonde passou correndo e eu não me dei conta. Eis que estou eu parada, vislumbrando a luz que deixa aos poucos o horizonte e me abandona aqui, no mesmo escuro silêncio de outrora, atônita, sem compreender.
Na verdade eu compreendo, compreendo até demais e é isso que mais machuca. Sri que fui me colocando voluntária e calmamente embaixo do bonde que eu via passar por cima de mim. E eu achei todo esse tempo que as feridas eram só aprendizados e ignorei o fato de que elas doíam e que, sim, eu estava aprendendo com elas, mas eu estava me fechando...
Esqueci que no mundo ninguém vive sozinho e que todas as nossas atitudes repercutem, de uma forma ou de outra, nas outras pessoas. Esqueci que tudo na vida é interação e que ninguém pode projetar uma história onde ela não pode ser projetada. Existem certas superfícies que somente com muita dedicação estarão aptas a receber uma projeção. E eu me esforcei ao máximo.
Assim como o agricultor eu preparei o terreno, arei a terra, plantei as sementes,  coloquei água. Mas algo deu errado. Não sei se o sol foi forte o bastante para secar a planta, se a água estava em excesso e acabou por afogá-la.
E agora estou eu aqui, sozinha. Pior que a solidão é o estar entre muitas pessoas e abafar sua tristeza, esconder suas lágrimas, sorrir.
Existem pessoas que nasceram para tentar, tentar e tentar. Eu juro que fiz o máximo que pude e é com muita, mas muita, tristeza que vejo escorrer por entre os dedos a água que me esforcei para reunir com o propósito de matar a sede que me cegava. Mas existem coisas que não podem ser como nós esperamos. E existem pessoas que talvez não estejam prontas a largar de lado o orgulho, a auto-preocupação para olhar pro lado e ver que os machucados curam, mas muitas vezes deixam feridas tão profundas. Sempre me acostumei com as feridas da vida, mas descobri que ninguém ganha uma batalha sozinho. E que pra batalhar por aquilo que queremos, para levantar a bandeira do outro é preciso muito, mas muito, amor e dedicação com o outro. É preciso entrega!
Cheguei a um ponto em que talvez eu não levante mais, talvez eu fique aqui, estatelada nesse chão frio, apenas respirando, pois não sei mais se vale a pena levantar mais uma vez. E por fim, verei o sol descendo por trás das montanhas e mais uma vez a escuridão me deixará sozinha com meus monstros...