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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tempo, tempo....

Sinto escorrer-me pelos dedos cada minuto que tenho. Não consigo mais controlar sua passagem e o relógio parere me perseguir. São horas, dias, meses. Tudo milimetricamente calculado.
A hora de chegar no trabalho, o dia de fazer os pagamentos, o dia de mandar aquele texto para um evento, o mês de fechas as notas das turmas, o ano de comprar um carro.
Ando me sentindo sufocada pelo tempo...

Gosto mesmo do tempo que escorre tranquilo, que passa despercebido. Gosto dos dias compridos sem nada a fazer. Daqueles que se pode escolher um filme, estourar umas pipocas e ficar deitada tranquila...
Gosto de pegar um livro e poder terminar, saboreando cada página e cada palavra, como se não existisse mais nada e eu vivesse o que vivem os personagens.
Gosto de sentar e ouvir música, cantar junto, reunir a galera envolta de um vilão. Gosto de ter tempo para conversar, sem pressa, sem hora de acabar.
Gosto de caminhar a esmo, sem me preocupar de estar num determinado ponto em tantos minutos. Gosto de nem mesmo ter um ponto a chegar. Gosto de sentir o vento no rosto e aproveitar cada segundo de um belo pôr do sol.

E tempo pra isso?

Eu era feliz e não sabia, quando podia ficar horas criando conversas imaginárias para as minhas bonecas, quando ficava criando casinhas com lego, e quando podia simplesmente sentar embaixo de uma árvore e saborear um gibi.

Hoje tenho tanto a ler, tanto a fazer, tanto a escrever que pouco me sobra de tempo para mim. Não vou ser hipócrita e dizer que não faço nada que me alegre. Mas faço com peso na consciência. Pensando que aqueles cinco minutos a mais na cama mudarão minha rotina diária. Fico vendo filme e controlando horário, pois existem textos me esperando e eles, ainda, não se leem sozinhos.
Gosto dessa vida corrida, não teria graça viver em total marasmo sempre. Mas a pressão de ser adulta anda me sufocando.
Preciso de um tempo para mim. Só para mim. E certeza de que mereço isso.

Afinal, a distância entre a infância e a velhice é o caminho de uma vida que deve ser percorrido nem com pressa demasiada a ponto de não perceber as belezas do caminho nem vagarosamente demais de modo que não se perceba o tempo passando.

Preciso encontrar meu meio termo...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Quando as coisas são assim...

Não sei explicar bem como as coisas acontecem na nossa vida, muito menos o que motiva certas coisas a acontecerem. Só sei dizer uma coisa, odeio quando as coisas acontecem assim.
Odeio me sentir sozinha e desamparada, odeio ter que fazer as coisas por obrigação e odeio ter que sorrir quando minha vontade é bem contrária a isso.
Não consigo me sentir à vontade com certas situações. Não consigo ser simpática com quem me fere pelas costas, com quem fala de mim uma coisa quando não estou presente e outra na minha frente. Não posso ser legal com quem não é comigo.
Não gosto de cara amarrada. Não gosto de falta de educação, de falsidade, de estar junto por comodidade ou obrigação. Quero estar junto quando QUERO e não porque PRECISO estar. Não quero comodidade e sofrimento. Não quero sofrer querendo ser feliz. Prefiro não sofrer e não tentar ser feliz. Pelo menos me machuco menos, muito menos.
Ando com o coração na mãe a a alma em pedaços. Estou cansando disso, a ponto de desistir.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Tomates

Foram juntas ao mercado, mãe e filha, mas quem visse as duas diria certamente que eram amigas ou irmãs. Tinha sido um dia difícil para ambas, os problemas pareciam vir aos turbilhões e as soluções a conta-gotas. Estavam acostumadas a enfrentar dificuldades, afinal não haviam nascido em berço esplêndido, mas conseguiam sobreviver a tudo de muito bom-humor. Mas tudo parecia estar ruindo.
Foram em direção a parte de frutas e verduras e, como de costume, a mãe separava as cebolas, enquanto a filha organizava os tomates. Depois de cinco minutos a filha estava com apenas três tomates no saquinho, embora muitos dos que estivessem a sua frente se mostrassem mui agradáveis para o consumo. Estavam maduros, mas no ponto, nem vermelhos demais, nem duros e verdes.

A mãe olha apavorada para a filha e diz:
- Realmente, deves estar muito preocupada. Jamais em toda minha vida te vi pensando enquanto escolhias tomates.
Certamente, aqueles foram os tomates mais penosos que ela já escolhera.

[Postado originalmente em http://opiniaoearte.com.br/ ]

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Quatro palavras

Existem quatro palavras que simplesmente não me descem muito bem.

Sempre - essa palavrinha sempre (ironia do destino [ou não] ter que usá-la para descrevê-la) me deu um certo incômodo. Não que eu não acredite no "sempre" dos apaixonados, ou dos convictos, ou ainda das determinações que fazemos a nós mesmos ou aos outros. Mas "sempre" dá sensação (falsa?) de  continuidade, de estabilidade. Não creio em estabilidade. um emprego nunca é estável, um relacionamento também não, uma amizade então nem se fala. Tudo na vida, assim como na enunciação, é único e irrepetível. Não fazemos sempre a mesma coisa, mesmo que a repitamos mil vezes. Cada eu/tu - aqui - agora é singular.

Nunca - Do mesmo modo que sempre me irrita por sua descrição exata e perpétua do mundo, "nunca" permanece sob o mesmo estatuto sob minha ótica. Nada entra no rótulo do "nunca". Vocês talvez (certamente?) já ouviram a expressão [Nunca diga nunca]. Ela cabe muito bem aqui. Será que alguma coisa na vida "nunca" acontece? Bom, talvez eu "nunca" me case com um príncipe britânico, talvez "nunca" publique um livro ou talvez, ainda, "nunca" plante uma árvore (pena!). Mas e daí? Será que o "nunca" na verdade não conforma-se ao nosso mundo, as nossas possibilidades? Do mesmo modo que essas coisas talvez nunca aconteçam na minha vida, talvez eu nunca veja um golfinho jogando futebol. Estranha comparação? Nem tanto, pois nunca veremos algo que não pertence àquela realidade!

Depois - Embora eu mesma use muito essa palavra, ela também me causa um certo estranhamento. Quem nunca deixou uma coisa para depois? "Depois" me dá sensação de distanciamento, de prorrogação. Não sei até que ponto gosto de prorrogar coisas. Isso se deva talvez ao fato de eu não saber exatamente até que momento viverei. Como posso ficar me dando ao luxo de deixar tudo pra depois? Se tiver vontade, faço agora, ou não faço a vontade e deixo passar. Não gosto de viver "depois", gosto de viver agora!

Talvez - Mais que a sensação de adiamento, me irrita mais a incerteza e, talvez, por isso deixei-a para o fim. Não posso [simplesmente não posso, mesmo!] viver sobre a corda bamba. Não gosto de incerteza! Não saber as coisas me deixa aflita, nervosa, irritada. Me faz perde o sono! Incerteza me perturba... Gosto das coisas claras, das cartas na mesa, das palavras sinceras.

Enfim, coisas de linguísta talvez, mas essas quatro palavras me perturbam assustadoramente...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Quando não se tem nada a falar...

Muitas vezes me calo não por não ter o que falar, mas por não poder ou não querer falar.
A maioria das pessoas não está disposta a ouvir o que os outros tem a dizer e querer impor sua opinião, na grande maioria das vezes, acaba dando errado (ou não dando em nada, o que me parece pior ainda).
Resolvi abrir o bico, colocar a boca no trombone, falar mesmo sabendo que as pessoas não me escutarão.
A pior sensação que existe é ter a impressão que se está falando para o nada. Mas ainda pior que isso eu sinto quando me nego a falar o que penso.
Entre pecar por omissão e pecar por excesso prefiro ainda a segunda opção.
Melhor aquele que muito fala e muito erra, que aquele que se mantém calado, "imparcial" e fica na omissão.
Só sou alguém no mundo no momento nem que imponho meu lugar. E como fazer isso? Falando, oras!
Falar é o que nos torna humanos, singulares.
Então, dentre as opções de vida que eu tinha a fazer, dentre os modos de encarar a realidade (ou me esconder dela) preferi esse: falar o que é necessário, pois antes falar demais do que não ter o que falar.
Mais triste que a pessoa que não tem limites sobre as suas palavras é aquela que sequer tem palavras a dizer. Uma pessoa vazia, melhor seria se se calasse de vez, pois pior que viver e não trazer grandes contribuições aos mundo é simplesmente passar pela vida despreocupadamente como se viver fosse simplesmente fazer as atividades rotineiras dia após dia.
Prefiro a agonia de pensar que falei demais que a imoralidade de saber que me calei quando deveria ter "baixado o verbo".
E que me critiquem aqueles que não suportam a sinceridade, a honestidade e a cara limpa. Falo, sempre falei e seguirei falando. Pois eu me constituo na e pela linguagem, já dizia Benveniste!

quinta-feira, 24 de março de 2011

As vezes eu fico triste...

Ficar triste, sim isso é normal!
As vezes, muitas vezes, eu fico triste.
Não sei porque, mas eu nasci meio que predestinada a ver a vida sempre pelo lado difícil das coisas.
Tem dias que está tudo correndo bem, tudo indo da maneira planejada e eu simplesmente entristeço do nada!
Conheço gente que vai dizer "isso é início de depressão, vai te tratar!", outros ainda que me farão uma enxurrada de perguntas dos motivos pelos quais eu estou tão tristonha.
Não quero aqui retratar os meus motivos de infelicidade (sim, eu tenho motivos, não sou uma maníaca depressiva compulsiva que acha que o mundo conspira contra mim). Quero apenas dizer que é preciso ter muito mais coragem para assumir que se está triste do que para assumir a felicidade.
Como diz o próprio título do meu blog "Viver e não ter a vergonha de ser feliz". Mas aquele que nunca ficou triste, que atire a primeira pedra!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Tenho aprendido

Tenho aprendido tantas coisas que muitas vezes me espanto.

Aprendi nos últimos dias que tempo é artigo preciso, instável e que corre de uma maneira absurdamente rápida para que possamos nos dar ao luxo de ficá-lo desperdicando-o ao acaso. (Não que muitas vezes eu não me dê o prazer de parar uns minutos para observar a chuva escorrer pela janela formando desenhos)
Aprendi que muitas vezes aqueles que menos acreditamos podem nos ensinar muitas coisas e que são poucos os que estão dispostos a aprender com os outros, pois a maioria prefere socar a cabeça contra a parede que ver as cicatrizes na cabeça dos outros e simplesmente compreender que fazer o mesmo trará a eles os mesmos dolorosos resultados. (Não que para chegar a essa conclusão eu não tenha muitas e muitas vezes socado minha própria cabeça contra o muro)
Aprendi também que faz uma falta imensa a comida da mãe, o colo do namorado, a tranquilidade do sofá de casa. Que não existe lugar melhor que na sua própria cama embaixo das cobertas naqueles dias em que o frio começa a dar sinais de existência. (Mas também aprendi que muitas vezes é preciso sair do conforto do sofá, da comodidade da cama para perceber que o frio corta, mas também fortalece, e que dias chuvosos chateiam, mas não machucam ninguém)
Aprendi também que amigos vem e vão e que nem por isso uns são mais importantes que os outros por estarem mais presentes ou não, eles simploesmente compartilham status diferentes. (E quantas vezes os amigos distantes são aqueles dos quais mais sentimos falta? E não é porque não conseguimos enxergar seus defeitos como percebemos mais facilmenete nos amigos que estão mais próximos, e sim porque esses defeitos fazem uma falta tão grande que precisavamos mesmo nos abrorrecer com eles)
Aprendi que não é preciso muito para ser feliz, mas que um pouquinho de comodidade não faz mal a ninguém. Que não é preciso morar em mansões, mas que uma casa aconchegante é a melhor coisa que existe. (E se você quer saber o valor de uma casa aconchegante vá passar dois dias inteiros fora trrabalhando sem voltar para casa e veja como é parecido com o chegar no céu a sensação que se tem após colocar os pés dentro daquilo que chamamos de lar)
Aprendi que o tamanho da falta que eu sinto das pessoas é o tamanho da lacuna que elas preenchem em mim, e que meu coração é muito, muito, muito grande, pois sinto muita falta de muitas pessoas. E como me dói saber que muitas por um ou outro motivo simplesmente nunca mais serão como eram antes. (Mas nem por isso fico me lamentando, apenas agradeço a Deus todos os dias pelas pessoas maravilhosas que passaram pelo meu caminho e pelos enormes aprendizados que deixaram marcados em mim)


Enfim, sigo aprendendo, desaprendendo e reaprendendo a cada nova experiência...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pedras no caminho.

Será que paramos para pensar em todos os problemas que temos enfrentado nos nossos dias? Dia a dia se segue sem que tenhamos tempo para pensar em tudo o que nos ocorre.
As vezes temos dias tão corridos que mal lembramos o que comemos no almoço ou o que queriamos ter feito e não tivemos tempo para começar. Cada dia tem sido um montículo de pedras que pouco a pouco vão se amontoando.

Não quero aqui falar daquela frase um tanto quanto clichê que aconselha-nos a pegar as pedras que nos jogam e construir nosso castelo. Acredito que não cabe aqui a ousadia de construir grandes coisas através do nosso fracasso, muito menos a audácia de "fazer inveja" aos que nos maltratam.

Penso apenas se não seria possível pensar em tudo isso, todas essas coisas que pouco a pouco atravessam nosso caminho sob outra ótica. Por que não ver as pedras no caminho como um possível caminho feito com pedras, onde cada pedra depositada não é um problema e sim uma superação.

Não imagino modo de ver a vida observando só os problemas que nos cercam. Não quero com isso negar a existência deles. Discussões, falta de tempo, atribulações no trabalho, família ou relacionamento. Mas, se fosse tudo tão fácil que graça haveria em viver? O que nos motivaria a levantar todas as manhãs, lavar o rosto ainda cansado e refletir sobre a imensa lista de atividades que temos a desempenhar?

Acredito que problemas não são os únicos motivadores de nosso próprio fracasso. Eles são sim os testes de nossa resistência e de nossa persistência. Eles são nossos impulsionadores quando precisamos tomar novas decisões (as vezes drásticas).
São nossas dificuldades que nos fazem crescer.

Não é preciso entristecer-se diante dos problemas, e sim alegrar-se pensando na possibilidade de crescimento e na grandeza que é estar disposto a prender com os tropeços e com as pedras no caminho. Ou seria apredner com o nosso caminho que é na verdade formado por muitas e muitas pedras? Quanto mais pedras, mais superação e mais aprendizado.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Me diga o motivo

Fui interrogada esses dias o motivo do meu silêncio, porque deixara meu blog às traças e porque me calara repentinamente. Pois bem, dou-me o direito de responder o motivo pelo qual escrevo...

Escrevo para me fazer notar, pra poder respirar, pra sentir.
Escrevo pra não deixar morrer em mim a voz que fala, que critica, que joga tudo pro ar e simplesmente vira as costas, deixando o que passou para trás e se concentrando no que ainda está por vir.
Escrevo porque é necessário escrever, porque alguém precisa falar, porque eu preciso falar de algumas coisas que somente escrevendo me sinto capaz.

Volto a escrever pois começo a renascer depois de um tempo de hibernação. Volto a escrever porque novamente me sinto viva, e tenho o que escrever e para quem escrever. Escrevo para mim mesma, escrevo por escrever, escrevo, talvez, para não enlouquecer.

Enfim, escrevo para viver e me sentir viva...

Nem que que seja somente impressão de uma mente insana a certeza da vida latejando dentro das veias.