
Quantas e quantas correspondências nunca saíram das gavetas...
Milhares de linhas que nunca encontraram seu destino...
Mil e uma coisas que gostaria de ter dito e nunca tive coragem, apenas pude traduzir em palavras, textos, fragmentos que jamais encontraram seu destino.
Quantas vezes quis olhar nos olhos, ser sincera, mas os motivos que a vida impõe não me permitiram.
Inúmeras emoções não vividas pelo simples fato de "travar na hora", não saber o que falar, para onde olhar ou o que fazer com as mãos.
Deixei de ver sorrisos, deixei de abraçar, de chorar...
Muitas vezes deixei de viver pensando em como seguir em frente, levantando a cabeça para seguir em frente, sacodindo a poeira e dando a volta por cima...
Tentei diversas vezes te dizer o que eu pensava... Tentei decifrar teus sorrisos, tentei desvendar teus mistérios... Mas a vida me ensinou a perceber que cada instante é único, pois não volta atrás e sempre deixa suas marcas...
Estou desistindo de entender as coisas que atravessam meu caminho. Tô cansanda de não enviar as cartas que escrevo com zelo e carinho. Preciso olhar nos olhos, saber que a sinceridade é um atributo e não um defeito... Preciso ter coragem de dizer o que penso sem medo da represália, do mal entendido, do que podem pensar de mim...
Cansei do lirismo comedido, do olhar para o nada, do não tentar por medo de errar...
Decidi enviar as minhas cartas guardadas, arriscar hoje, pois amanhã pode ser tarde. Antes maluca que hipócrita.
É arriscando que se aprende a viver. E é vivendo, e somente vivendo, que pode se ser feliz!